Imagem com fundo amarelo e ilustrações geométricas em vermlho com texto escrito: "Os vetores da comunicação política em aplicativos de mensagens: hábitos e percepções do brasileiro em 2020"

Pesquisa aponta que hábitos pessoais e normas internas de grupos ditam debate político no WhatsApp

Estudo sobre comportamentos e percepções do brasileiro no aplicativo de mensagens em 2020 é lançado pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social.

Notícias Informação e Política 08.07.2021 por Institucional
Texto atualizado em 10/08/2021

A partir das eleições de 2018, o WhatsApp ganhou protagonismo nos debates sobre comunicação política na internet. Naquele ano, denúncias de disparo em massa de mensagens eleitorais marcaram o pleito e os aplicativos de mensagem foram alçados aos centro das preocupações quanto ao uso de ferramentas digitais por campanhas eleitorais. Diversos estudos se debruçaram sobre estratégias adotadas para influenciar o debate público nesses espaços, encontrando indícios de coordenação, articulação e automação em grupos abertos na plataforma. No entanto, a relação do usuário com essas estratégias e esse espaço ainda é um campo pouco explorado.

A pesquisa publicada nesta quinta-feira (8) revela que 2018 foi um ponto de virada para os usuários no WhatsApp: dos 3.113 entrevistados, entre 7 e 16 de dezembro de 2020 , 71% afirmam ter mudado de alguma forma o comportamento no aplicativo desde as eleições daquele ano, policiando-se mais sobre o que falam nos grupos; enquanto 50% afirmam ter visto uma mudança nas regras dos grupos em relação ao que pode ser compartilhado. Da divisão de grupos ou mudança de comportamento para evitar brigas políticas ao surgimento de normas compartilhadas em grupos diversos, as experiências dos usuários naquele pleito, impactaram na forma como interagem e reagem nos aplicativos de mensagem.

Esse movimento gerado pelas eleições de 2018 coloca em evidência a relevância dos hábitos individuais e das regras de cada grupo para a forma como o conteúdo político circula em aplicativos de mensagem. A pesquisa realizada pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social buscou investigar exatamente esses comportamentos e percepções de usuários de aplicativos de mensagens que moldam a disseminação de conteúdo político e eleitoral. Adotando uma metodologia multi-método – com grupos de discussão para coleta de dados qualitativos combinados com uma survey amostral – a pesquisa buscou colocar em foco a perspectiva do usuário, com o objetivo de jogar luz sobre seu lugar nas dinâmicas de comunicação política.

Diferentes grupos, dinâmicas diversas

No estudo, foi identificado uma diversidade de tipos de grupos – dos clássicos de família, amigos e trabalho, aos de memes, promoções e notícias – nos quais as pessoas reproduzem seus papéis sociais exercidos fora dos aplicativos. De acordo com os dados coletados, 72% das pessoas afirmaram terem evitado falar de política nos grupos da família para fugir de brigas. Cada um desses grupos diversos, individualmente, possui seu próprio ethos, com normas próprias e práticas de moderação autônomas. Do grupo de bairro em que política partidária é vetada ao grupo de biblioteca em que o silêncio é regra, são essas dinâmicas diversas de cada um que vão moldando a disseminação de conteúdo através do aplicativo de mensagens.

A forma como a mensagem política e eleitoral circula na plataforma depende tanto dos hábitos e normas compartilhadas pelos usuários, quanto das táticas e estratégias adotadas pelos atores políticos. Os dados da pesquisa indicam que, ainda que existam estratégias coordenadas para disseminar conteúdos ou influenciar a opinião pública, elas não são capazes de sustentar sozinhas a disseminação de conteúdo, chocando-se com os hábitos e normas de vivência cotidiana no aplicativo. Nas eleições 2020, ainda que mais de 50% das pessoas tenha sido inserida em grupo(s) sobre o pleito ou recebido link para fazer parte de algum deles, o número de pessoas que efetivamente participou de algum grupo com atividades políticas nas eleições não passa de 30%. No mesmo período, enquanto 88% das pessoas receberam algum tipo de mensagem eleitoral, apenas 68% compartilharam esses conteúdos.

Os dados e análises do estudo podem ser conferidos no relatório “Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens: hábitos e percepções do brasileiro, que traz os primeiros resultados de uma das frentes de pesquisa de um projeto que está sendo conduzido pela área de Informação e Política do InternetLab para investigar os vetores de disseminação de conteúdo eleitoral no Brasil.

O documento está disponível aqui para leitura em português.

Imagem com fundo amarelo e ilustrações geométricas com texto escrito: "Os vetores da comunicação política em aplicativos de mensagens: hábitos e percepções do brasileiro em 2020

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