Imagem meramente ilustrativa a respeito do combate à desinformação no Sul Global. A ilustração em linhas apresenta o Sul Global, destacando ícones que simbolizam a comunicação, o direito, a democracia e a globalização.

Pesquisa analisa os esforços de combate à desinformação no Sul Global

O InternetLab assina o relatório sobre América Latina e Caribe, que faz um retrato do fenômeno na região e mapeia as estratégias na região por governos, plataformas digitais e pela sociedade civil.

Notícias Informação e Política 26.04.2022 por Institucional

[Más abajo en español] Em abril de 2022 foi lançada a pesquisa “Lidando com os desafios da desordem informacional no Sul Global”. O estudo, que contou com a participação do InternetLab, reuniu pesquisadores, grupos de pesquisa e entidades da sociedade civil de diferentes regiões para analisar as iniciativas de combate a estratégias de promoção de conteúdos enganosos. O levantamento foi coordenado pela Universidade do Cabo e contou com o apoio da instituição canadense International Development Research Centre (IDRC).

Partindo de análises da situação da desordem informacional em cada região, a pesquisa mapeou estratégias adotadas por diferentes atores para enfrentar esse cenário, como projetos de pesquisa, programas de educação midiática, agências de checagem de fatos, monitoramento sobre a atuação das plataformas digitais e campanhas pela aprovação de leis e outras regulações.

O Internetlab assina o relatório específico sobre América Latina e Caribe. O texto faz um retrato do fenômeno na região e mapeia as estratégias desenvolvidas em diferentes países por governos, plataformas digitais e pela sociedade civil. O documento é elaborado pelo pesquisador Jonas Valente, da Universidade de Brasília (UnB), com colaboração dos diretores Francisco Brito Cruz e Heloisa Massaro, além da contribuição do pesquisador Daniel Macedo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Desinformação na América Latina e Caribe

Na América Latina, o histórico demonstra que a desinformação não é algo novo nem específico da Internet. Ao contrário, métodos de difusão organizada de conteúdos falsos sempre existiram em diferentes setores, incluindo grupos políticos, governos, partidos e meios de comunicação tradicionais. Contudo, com o crescimento das plataformas digitais, esses espaços passaram a ser utilizados para disseminação rápida, barata e de amplo alcance de mensagens enganosas sobre temas políticos (especialmente nas eleições e em protestos) e outros tópicos, como saúde e direitos diversos.

Se a desinformação é um fenômeno presente e forte na América Latina e Caribe, a região também se destaca por um cenário vibrante de esforços voltados ao combate a essas práticas. O estudo fez uma análise prospectiva geral sobre a região, complementando com análises de cinco países-chave: México, Colômbia, Brasil, Argentina e Chile. Foram realizados surveys e oficinas com os atores da região e com diferentes setores de cada uma das nações escolhidas para os estudos de caso.

Diversos países contam com entidades da sociedade civil que combinam produção de conhecimento, formação e sensibilização, monitoramento e denúncia de casos, e campanhas para aprovação e implementação de políticas públicas. A articulação regional e a criação de redes e projetos conjuntos vêm se desenvolvendo demasiadamente . Um exemplo é a Rede Alsur, da qual o Internetlab faz parte. O grupo tem elaborado pesquisas a respeito do tema (como sobre a desinformação difundida por políticos ou sobre o fenômeno durante a pandemia) e tem incidido também sobre organismos internacionais, por meio de consultas públicas e eventos da Relatoria para Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), por exemplo.

Já no plano das instituições públicas, foi percebido um movimento crescente de regulação do tema. Vários países, como o próprio Brasil, além de Nicarágua e Bolívia, aprovaram legislações com restrições ou proibições a mensagens falsas. No caso brasileiro, o relatório destaca leis que já tratam do tema, especialmente na área eleitoral, e a disputa em torno do Projeto de Lei 2.630 de 2020, que propõe a “Lei Brasileira da Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”, em tramitação na Câmara dos Deputados. Outros projetos de lei visando regular plataformas digitais também foram apresentados em países como Argentina, Chile, Colômbia e México.

Na área de checagem de fatos, foram mapeadas 57 iniciativas na região, de perfis diversos. O levantamento constatou a presença de meios de comunicação tradicionais, como o projeto AFP Factual em vários países, o consórcio Comprova no Brasil, o serviço de checagem da mídia La Tercera, no Chile, e TVN Bien Checado, no Panamá. Também foram identificados esforços independentes de checagem, como o Verificado, no México, o Chequeado, na Argentina, o ConPruebas, na Guatemala e Colombia Check, na Colômbia. ONGs, universidades e grupos de profissionais também criaram suas agências de checagem, como PolétikaRD, na República Dominicana, Chequea Bolivia e El Surtidor, no Paraguai.

As iniciativas de educação midiática na região também estão se tornando comuns. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) tem impulsionado diversas ações nesse sentido, como a campanha “Mil Clicks”. A Relatoria para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos também tem se notabilizado pela elaboração de relatórios e estudos sobre o tema – que pautam o assunto para a sociedade e indicam boas práticas aos tomadores de decisão.

A pesquisa também analisou as respostas dadas pelas plataformas para mitigar a circulação de conteúdo desinformativo. Grandes provedores de aplicação como Facebook, YouTube, Google e Twitter vêm anunciando um rol de ações e novas regras com o objetivo de conter a disseminação desse tipo de mensagem. Contudo, como o texto pondera, esses esforços ainda são bastante limitados. As políticas não são organizadas, são pouco claras e não lidam com aspectos estruturais que incentivam a disseminação de conteúdos falsos.

Ao final dessa análise, o relatório regional mapeia os desafios para qualificar e ampliar o enfrentamento da desordem informativa na região, apontando caminhos a partir de entrevistas com representantes da sociedade civil, de centros de pesquisa, de projetos de educação e de agências de checagem de fatos. Em linhas gerais, o relatório identificou que os países ainda precisam avançar em medidas mais efetivas que equilibrem o combate aos abusos com a garantia da liberdade de expressão, visando a construção de um ecossistema que combine o acompanhamento da sociedade, a promoção de uma perspectiva mais crítica para lidar com a internet e um regime corregulatório com responsabilidades compartilhadas entre plataformas e atores públicos.

O estudo conta ainda com uma segunda parte, com uma revisão dos artigos, livros e textos acadêmicos sobre o tema da desinformação na região. Foram analisados pelos pesquisadores mais de 100 obras que tratam de aspectos diferentes do fenômeno, como a definição e as características do problema, casos específicos em países, o papel dos atores (como plataformas e políticos), as iniciativas para combater essas práticas (como as estratégias já citadas) e polêmicas em torno dos caminhos para regular a desinformação.

O relatório está disponível em inglês, no site da Universidade do Cabo, e em espanhol.

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Investigación analiza la lucha contra la desinformación en el Sur Global

En abril de 2022 se lanzó la investigación “Afrontar los retos del desorden informático en el Sur Global“. El estudio, en el que participó InternetLab, reunió a investigadores, grupos de investigación y organizaciones de la sociedad civil de distintas regiones para analizar iniciativas de lucha contra las estrategias de promoción de contenidos engañosos. La encuesta fue coordinada por la Universidad de Ciudad del Cabo y contó con el apoyo de la institución canadiense International Development Research Centre (IDRC).

A partir del análisis de la situación del desorden informativo en cada región, la investigación mapeó las estrategias adoptadas por diferentes actores para enfrentar este escenario, como proyectos de investigación, programas de educación mediática, agencias de fact-checking, monitoreo del desempeño de las plataformas digitales y campañas para la aprobación de leyes y otras regulaciones.

Internetlab firma el informe específico sobre América Latina y el Caribe. El texto ofrece un retrato del fenómeno en la región y traza un mapa de las estrategias desarrolladas en los distintos países por los gobiernos, las plataformas digitales y la sociedad civil. El documento fue elaborado por el investigador Jonas Valente, de la Universidad de Brasilia (UnB), con la colaboración de los directores Francisco Brito Cruz y Heloisa Massaro, y la contribución del investigador Daniel Macedo, de la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG).

Desinformación en América Latina y el Caribe

En América Latina, la historia demuestra que la desinformación no es nueva ni específica de Internet. Por el contrario, siempre han existido métodos de difusión organizada de contenidos falsos en distintos sectores, incluidos grupos políticos, gobiernos, partidos y medios de comunicación tradicionales. Sin embargo, con el crecimiento de las plataformas digitales, estos espacios se han utilizado para la difusión rápida, barata y de gran alcance de mensajes engañosos sobre cuestiones políticas (especialmente en elecciones y protestas) y otros temas, como la salud y diversos derechos.

Si la desinformación es un fenómeno presente y fuerte en América Latina y el Caribe, la región también destaca por un escenario vibrante de esfuerzos dirigidos a combatir estas prácticas. El estudio hizo un análisis prospectivo general de la región, complementado con análisis de cinco países clave: México, Colombia, Brasil, Argentina y Chile. Se realizaron encuestas y talleres con las partes interesadas de la región y con distintos sectores de cada una de las naciones elegidas para los estudios de caso.

Varios países cuentan con entidades de la sociedad civil que combinan la producción de conocimientos, la formación y la sensibilización, el seguimiento y la denuncia de casos, y la realización de campañas para la aprobación y aplicación de políticas públicas. La articulación regional y la creación de redes y proyectos conjuntos se han desarrollado en exceso. Un ejemplo es la Red Alsur, de la que forma parte Internetlab. El grupo ha desarrollado investigaciones sobre el tema (como la desinformación difundida por políticos o el fenómeno durante la pandemia) y también ha incidido en organismos internacionales, a través de consultas públicas y actos de la Relatoría para la Libertad de Expresión de la Organización de Estados Americanos (OEA), por ejemplo.

En cuanto a las instituciones públicas, se ha observado un movimiento creciente hacia la regulación del tema. Varios países, como Brasil, Nicaragua y Bolivia, han aprobado leyes con restricciones o prohibiciones de los mensajes falsos. En el caso brasileño, el informe destaca las leyes que ya abordan el tema, especialmente en el área electoral, y la disputa en torno al Proyecto de Ley 2.630 de 2020, que propone la “Ley Brasileña de Libertad, Responsabilidad y Transparencia en Internet”, actualmente en trámite en la Cámara de Diputados. También se han presentado otros proyectos de ley destinados a regular las plataformas digitales en países como Argentina, Chile, Colombia y México.

En el ámbito de la comprobación de hechos, se cartografiaron 57 iniciativas de distintos perfiles en la región. La encuesta constató la presencia de medios tradicionales, como el proyecto AFP Factual en varios países, el consorcio Comprova en Brasil, el servicio de verificación de medios La Tercera en Chile y TVN Bien Checado en Panamá. También se identificaron iniciativas de verificación independientes, como Verificado en México, Chequeado en Argentina, ConPruebas en Guatemala y Colombia Check en Colombia. ONG, universidades y grupos profesionales también han creado sus propias agencias de control, como PolétikaRD en la República Dominicana, Chequea Bolivia y El Surtidor en Paraguay.

Las iniciativas de educación mediática en la región también se están generalizando. La Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO) ha promovido varias acciones en este sentido, como la campaña “Mil clics”. La Relatoría para la Libertad de Expresión de la Organización de Estados Americanos también ha destacado por la elaboración de informes y estudios sobre el tema, que marcan la pauta a la sociedad e indican buenas prácticas a los responsables políticos.

La encuesta también analizó las respuestas dadas por las plataformas para mitigar la circulación de contenidos desinformativos. Los principales proveedores de aplicaciones, como Facebook, YouTube, Google y Twitter, han anunciado una lista de acciones y nuevas normas destinadas a frenar la difusión de este tipo de mensajes. Sin embargo, como reflexiona el texto, estos esfuerzos siguen siendo bastante limitados. Las políticas no están organizadas, son poco claras y no abordan los aspectos estructurales que favorecen la difusión de contenidos falsos.

Al final de este análisis, el informe regional traza los retos para cualificar y ampliar la lucha contra el desorden informativo en la región, señalando caminos basados en entrevistas con representantes de la sociedad civil, centros de investigación, proyectos educativos y agencias de verificación de hechos. En líneas generales, el informe identificó que los países aún necesitan avanzar en medidas más efectivas que equilibren la lucha contra los abusos con la garantía de la libertad de expresión, apuntando a la construcción de un ecosistema que combine la vigilancia de la sociedad, la promoción de una perspectiva más crítica para abordar internet y un régimen de regulación con responsabilidades compartidas entre plataformas y actores públicos.

El estudio también incluye una segunda parte, con una revisión de artículos, libros y textos académicos sobre el tema de la desinformación en la región. Los investigadores analizaron más de 100 trabajos que abordan diferentes aspectos del fenómeno, como la definición y características del problema, casos concretos en países, el papel de los actores (como plataformas y políticos), iniciativas para combatir estas prácticas (como las estrategias ya mencionadas) y controversias en torno a las formas de regular la desinformación.

El informe está disponible en inglés en el site de la Universidad de Ciudad del Cabo y en español.

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